O Ministério da Saúde revelou um dado alarmante: a tuberculose causou 14 mortes por dia em 2021, equivalente a 5 mil pessoas, um recorde registrado no Brasil. Esse número preocupante ocorreu por conta da queda na cobertura de vacinação, pois é uma doença infecciosa perigosa que pode ser prevenida dessa maneira.
Além disso, as desigualdades sociais, o preconceito, a falta de informação sobre esse problema global de saúde pública e a demora para os pacientes procurarem atendimento médico adequado também agravaram a situação.
O cenário brasileiro em relação à tuberculose preocupa e piorou com a pandemia de Covid-19. A doença, descoberta há mais de 140 anos, continua sendo a principal causa de morte por agentes infecciosos não somente no Brasil, mas em todo o mundo.
Em 2020, quase 10 milhões de pessoas foram infectadas globalmente pela tuberculose, com quase 1,5 milhão de mortes, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em média, 4 mil pessoas morrem todos os dias pela doença.
Desse total, quase 20% tinham HIV, um grupo de risco que merece atenção especial no diagnóstico, no tratamento e na prevenção da doença.
O Dia Nacional de Combate à Tuberculose, celebrado em 17 de novembro, reforça a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento de uma das doenças infecciosas que mais provoca vítimas em todo o mundo.
Dados sobre a tuberculose no Brasil
O Brasil ocupa a 20ª posição entre os países com maior incidência de transmissão da tuberculose no mundo, e a prevalência da doença tem aumentado desde 2020, chegando ao maior coeficiente de mortalidade (2,38 para cada 100 mil habitantes) em 10 anos.
Quase 90% dos casos de tuberculose concentram-se em 30 países de baixa e média renda do mundo, incluindo o Brasil.
O Brasil lidera o registro de casos de tuberculose entre os países das Américas. Em 2022, cerca de 78 mil pessoas foram contaminadas no País, alta de 4,9% em relação ao ano anterior.
Os Estados do Amazonas (71,3), Rio de Janeiro (67,4) e Roraima (54,6) possuem os maiores coeficientes de transmissão para cada 100 mil habitantes, superando a média brasileira, que é de 36 casos para cada 100 mil habitantes.
Porém, vale ressaltar, que a tuberculose é uma doença que pode ser prevenida, tem tratamento e o paciente pode ser curado completamente, desde que siga todas as recomendações médicas.
Perfil dos pacientes no Brasil
Estudos do Ministério da Saúde indicam que 70% das pessoas afetadas pela tuberculose são do sexo masculino. Homens entre 20 e 64 anos apresentam risco quase 3 vezes maior do que as mulheres da mesma faixa etária em relação ao contágio pela doença.
Além disso, 69% dos pacientes acometidos pela tuberculose se declaram negros ou pardos, e 3% dos diagnósticos ocorreram em crianças menores de 10 anos, segundo dados do Ministério da Saúde de 2022.
As condições de vulnerabilidade social, como a fome, falta de saneamento básico e moradias precárias, são aspectos que favorecem a transmissão da doença e o contágio entre as pessoas.
Outro fator que propiciou o aumento da incidência no Brasil foi a queda da taxa de vacinação contra a tuberculose, a BCG, que está com a cobertura bem inferior a 90% do público-alvo já há alguns anos.
A vacina BCG é aplicada, normalmente, logo após o nascimento de um bebê, até em crianças de 4 anos, e faz parte do calendário nacional de imunização. Dessa maneira, o imunizante protege contra as formas graves da doença.
Uma doença infecciosa perigosa que pode ser prevenida
A bactéria Mycobacterium tuberculosis, ou bacilo de Koch, em referência ao cientista que a descobriu em 1882, é o agente infeccioso responsável pela transmissão da doença.
Cientistas afirmam que a tuberculose surgiu há 8.000 anos, a partir do contato entre humanos e bovinos selvagens. Com o crescimento populacional e as ondas de migração, a tuberculose se espalhou por todo o planeta.
A forma mais comum é a pulmonar, que acomete a maioria dos pacientes infectados, mas a doença também tem outros tipos e pode prejudicar estruturas do organismo como a pele, rins, ossos, gânglios, meninges, intestino e o cérebro.
O paciente infectado transmite a bactéria causadora da tuberculose por via aérea. O tempo de contato com uma pessoa infectada, a carga bacteriana do paciente e as condições de um ambiente, se está ventilado ou exposto à luz solar, também influenciam a transmissão.
Portanto, a transmissão ocorre de pessoa para pessoa, pelo ar, a partir da fala, tosse e espirro e outras secreções de um indivíduo infectado.
Fatores de risco para a tuberculose
A tuberculose pode infectar qualquer pessoa, desde bebês a idosos, porém, pessoas com imunossupressão têm mais chances de contrair a doença, além de pessoas do gênero masculino.
Esse risco aumenta até 28 vezes para pacientes contaminados pelo HIV, já que a doença é apontada como a principal causa de morte entre as pessoas infectadas pelo vírus da aids.
Outros fatores de risco incluem:
- Diabetes.
- Tabagismo.
- Insuficiência renal crônica.
- Pessoas que foram submetidas a transplantes de órgãos.
- Uso de drogas ilícitas, tabagismo e alcoolismo.
- Viver em um ambiente com saneamento básico precário.
- Má alimentação.
- Falta de higiene.
- Doenças cardiovasculares e pulmonares.
Portanto, pessoas com comorbidades, imunossuprimidas e que vivem em condições precárias de vida são mais suscetíveis à doença.
Quais são os sintomas mais comuns?
Os principais sintomas são:
- Tosse seca persistente que dura mais de 2 semanas, com secreção, pus ou sangue.
- Expectoração.
- Cansaço excessivo e fraqueza.
- Falta de fôlego.
- Febre, geralmente à tarde ou no final do dia.
- Suor noturno.
- Emagrecimento e falta de apetite.
- Dor no peito.
- Palidez e rouquidão.
Portanto, caso esteja com sintomas ou conheça alguém que apresente algum quadro de saúde preocupante, busque orientação médica.
Como prevenir a tuberculose?
A vacinação de crianças, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado representam as melhores formas de prevenir a doença. Alguns pacientes possuem a chamada infecção latente da tuberculose (ILTB), mas não desenvolvem a doença.
Entretanto, essas pessoas podem transmitir a doença e precisam receber orientação médica adequada.
Outras medidas importantes de prevenção merecem destaque:
- Manter os ambientes ventilados e iluminados (a bactéria que causa a tuberculose é sensível à luz solar).
- Realizar a higienização adequada das mãos.
- Adotar hábitos saudáveis.
- Praticar exercícios físicos regularmente.
- Evitar aglomerações e o contato com pessoas que apresentem sintomas.
- Sempre proteger a boca com o antebraço ao tossir ou espirrar.
- Não fumar.
- Evitar o abuso de bebidas alcoólicas.
- Manter o peso corporal adequado.
Como é feito o diagnóstico da tuberculose?
Os médicos utilizam os seguintes exames para diagnosticar a tuberculose, além da análise clínica associada aos sintomas relatados ou manifestados pelos pacientes:
- Exames Bacteriológicos.
- Teste rápido molecular para tuberculose.
- Baciloscopia.
- Radiografia de tórax (esse exame deve ser realizado por todas as pessoas com suspeita clínica de tuberculose pulmonar).
Como é o tratamento para a tuberculose?
Os médicos indicam o tratamento, geralmente, à base de antibióticos, com o tempo médio de duração de 6 meses. Além disso, quatro medicamentos são utilizados ao longo de todo o tratamento: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol.
Como já foi destacado, o paciente precisa realizar o tratamento até o fim para ser curado completamente, já que os sintomas costumam regredir em poucas semanas. Dessa maneira, muitos pacientes deixam de seguir as recomendações médicas adequadas.
A interrupção do tratamento faz com que o paciente fique resistente aos efeitos dos antibióticos, gerando complicações que podem causar sequelas graves e até a morte. Além disso, sem o uso correto dos medicamentos, o paciente segue transmitindo a doença.
A taxa de abandono de tratamento no Brasil atinge cerca de 10%, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Portanto, a cura somente pode ser confirmada por meio de exames laboratoriais e de imagem, e ainda com avaliação clínica de um médico.
Pessoas que tiveram contato próximo ou cuidaram de pessoas infectadas pela tuberculose também precisam buscar um tratamento médico especializado para evitar o avanço da doença.
Taxas de cura da tuberculose
A tuberculose pode ser confundida com uma gripe ou alergia, por isso, muitas pessoas deixam de procurar atendimento médico adequado. Sem o início do tratamento, a doença continua sendo transmitida para outras pessoas sem que o paciente infectado saiba.
Além disso, muitos pacientes abandonam o tratamento em poucas semanas, logo após sentirem uma melhora dos sintomas, e acabam não obtendo a cura completa da doença, agravando o próprio estado de saúde e colocando pessoas próximas em risco.
Aproximadamente 85% das pessoas contaminadas pela tuberculose conseguem ser curadas após 6 meses. Além disso, as chances de transmissão da doença caem significativamente após os primeiros 15 dias de tratamento médico.
Em relação às taxas de cura, o Brasil registrou 68,4% entre os casos novos de tuberculose pulmonar confirmados em 2021. As regiões Centro-Oeste (60,3%), Sul (63,2%) e Nordeste (66,8%) apresentaram percentuais de cura inferiores à média nacional.
É importante destacar que a tuberculose somente é curada quando o paciente segue o tratamento completo, que tem duração média de 6 meses, e recebe um atestado médico que comprova a cura.
Cuidados com prevenção contra a tuberculose
Caso suspeite que você ou algum conhecido possa estar com tuberculose, ou teve contato com algum paciente, agende uma consulta médica para realizar a investigação clínica do caso.
Não deixe de realizar consultas médicas regularmente para discutir quais exames são apropriados para você e tome medidas ativas para cuidar da sua saúde. Priorize sua qualidade de vida e o seu bem-estar para ter tranquilidade no dia a dia.
Conte com o Check Up Hospital para consultas, exames e acompanhamento médicos regulares e também para necessidades de atendimento de urgência. Cuide-se bem.
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Referências:
Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2022/boletim-epidemiologico-de-tuberculose-numero-especial-marco-2022.pdf
Organização Pan-Americana de Saúde: https://www.paho.org/pt/noticias/24-3-2023-dia-mundial-combate-tuberculose-brasil-reforca-acoes-para-eliminacao-da-doenca