As consultas médicas e os exames de rotina são a única forma de prevenir o câncer de colo de útero. Além dessas medidas preventivas, a vacinação em massa contra o Papilomavírus Humano (HPV) poderia praticamente erradicar a doença.
Porém, infelizmente, esse cenário não é a realidade. No Brasil, 60% dos casos gerais de câncer são diagnosticados nos estágios 3 e 4, que significam os mais avançados e difíceis de tratar, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cancerologia.
Essa taxa preocupante aumenta o risco de morte para as pacientes e eleva em pelo menos 19 vezes os custos para o sistema público de Saúde e para a Previdência Social. Os brasileiros, de uma forma geral, não têm o hábito de fazer check-ups médicos preventivos.
A Organização Mundial da Saúde prevê que os casos de câncer cresçam 70% nas próximas décadas no mundo, por conta do aumento da população urbana, do estilo de vida inadequado de milhões de pessoas e da falta de acompanhamento médico preventivo.
Uma doença evitável
A ONU classifica o câncer de colo de útero como “altamente evitável”, desde que as mulheres realizem exames e consultas médicas regularmente, e adotem medidas para minimizar os fatores de risco de desenvolvimento da doença.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que 17 mil novos casos de câncer de colo de útero sejam diagnosticados anualmente no Brasil. Para o Amazonas, são esperados 700 casos por ano.
Por meio de exames preventivos é possível identificar lesões precursoras e que tenham probabilidade de evoluir para um câncer. Se detectado precocemente, o câncer do colo do útero pode ser tratado e curado. Sem tratamento, este tipo de câncer é quase sempre fatal.
Veja neste conteúdo mais informações sobre o câncer de colo de útero e como prevenir a doença, que é a principal causa de morte por câncer em mulheres entre 15 e 39 anos de idade.
Quais são as causas do câncer de colo do útero?
O principal fator de risco para o câncer de colo de útero é a infecção pelo vírus HPV, o papilomavírus humano. O HPV é um vírus sexualmente transmissível que pode causar verrugas genitais e outros problemas de saúde graves, como o câncer de colo de útero.
O câncer do colo do útero tem como causa a infecção persistente do Papilomavírus Humano, o HPV, em quase 100% dos casos. Existem mais de 150 subtipos do HPV, mas os de maior risco para causar um tumor são os chamados oncogênicos.
Entre os 14 tipos de HPV conhecidos que têm potencial cancerígeno, o 16 e o 18 são os mais prevalentes e são responsáveis por 70% dos casos de câncer ou de lesões pré-cancerosas, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Estatísticas do Ministério da Saúde apontam que 75% das mulheres sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, e cerca de 5% delas vão desenvolver o câncer em um prazo de alguns anos após a infecção pelo vírus.
Dessa forma, a infecção pelo HPV é bastante comum na população brasileira, mas a maior parte dos casos é assintomática. A infecção costuma desaparecer após 2 anos, sendo combatida pelo próprio sistema imunológico da paciente.
Entretanto, quando o HPV não é combatido pelo sistema imunológico nem identificado precocemente por meio de consultas médicas e exames de rotina, a infecção passa a ser persistente.
Assim, o HPV promove alterações celulares no corpo da mulher, as lesões causadas pelo vírus evoluem para um estágio pré-canceroso e, se não diagnosticadas e tratadas, podem transformar-se em um tumor.
Quando o câncer de colo de útero é detectado em estágio avançado, o tumor pode invadir o útero, a vagina e os gânglios linfáticos, entrando na corrente sanguínea da paciente. Com isso, migra para outras partes do corpo dando origem a metástases.
O HPV pode causar outros tipos de câncer?
A infecção por alguns tipos de HPV também pode originar tumores em outros locais do corpo, como ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe, que também são evitáveis com estratégias eficazes de prevenção e consultas regulares com médicos especialistas.
Os tipos de HPV que não causam câncer (especialmente o 6 e o 11) podem provocar verrugas genitais e papilomatose respiratória (doença caracterizada pelo aparecimento de tumores nas vias respiratórias, que vão do nariz e da boca até os pulmões).
Embora essas condições sejam raramente fatais, o número de recidivas pode ser considerável. As verrugas genitais são muito comuns, altamente infecciosas e afetam a vida sexual.
Transmissão do HPV
O papilomavírus humano (HPV) é a infecção viral mais comum do trato reprodutivo no mundo. A maioria das mulheres e homens sexualmente ativos será infectada em algum momento de suas vidas e muitas pessoas podem apresentar infecções recorrentes.
O HPV é transmitido principalmente por contato sexual, genital ou pele a pele. A maioria das pessoas é infectada logo após o início da atividade sexual, por isso, é importante vacinar meninas e meninos entre 9 e 14 anos contra o HPV, antes de iniciarem a vida sexual.
A vacina contra o HPV faz parte do calendário nacional de imunização, está disponível no SUS e em clínicas e laboratórios particulares.
A transmissão também pode ocorrer de forma vertical, ou seja, de mãe para o bebê durante o parto.
Quais são os principais sintomas das lesões causadas pelo HPV e do câncer de colo de útero?
A maior parte das pacientes infectadas pelo HPV não apresenta sintomas na fase inicial do contágio. Porém, sem o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, as lesões evoluem e os sintomas surgem conforme a localização, a extensão e a gravidade da doença:
- Corrimento vaginal amarelado, com odor desagradável e sangue.
- Sangramentos menstruais irregulares.
- Sangramento após a relação sexual.
- Dores na região do baixo ventre.
Já nos estágios mais avançados, a paciente pode apresentar:
- Dores pélvicas de forte intensidade.
- Anemia.
- Dores na região lombar.
- Alterações na frequência e quantidade urinária, além dos hábitos intestinais.
- Perda de peso, fadiga e falta de apetite.
Como é feito o diagnóstico do câncer de colo de útero?
A triagem do câncer do colo do útero, feita pelo médico especialista a partir do exame Papanicolau e de outros tipos de análises, pode identificar lesões com tendência a virar câncer e mesmo um tumor que não apresente sintomas.
As pacientes podem sentir-se perfeitamente saudáveis, mesmo com a doença já em desenvolvimento. Quando a triagem detecta lesões pré-cancerosas, elas podem ser facilmente tratadas e o câncer será evitado.
Portanto, o diagnóstico do câncer de colo de útero é feito por meio de análises clínicas e laboratoriais. O exame Papanicolau é um teste que pode ajudar a detectar alterações no colo do útero que indicam o câncer.
Além do Papanicolau, existem outros exames complementares importantes para investigar a doença, como o teste de HPV, que identifica a presença do vírus no organismo, auxiliando na avaliação do risco e na necessidade de acompanhamento médico periódico.
Entretanto, outros exames devem ser realizados para concluir o diagnóstico:
– Colpocitologia oncótica: exame que analisa as células do colo do útero.
– Colposcopia: exame que permite ao médico visualizar o colo do útero com mais detalhes.
– Biópsia: exame que consiste na retirada de uma pequena amostra de tecido do colo do útero para análise.
O médico pode solicitar ainda exames complementares, como tomografia, ultrassonografia, raio-X de tórax e cistoscopia para investigar a extensão das lesões e possíveis metástases.
Como as lesões pré-cancerosas causadas pelo HPV levam muitos anos para se desenvolver, todas as mulheres com idade entre 25 e 64 anos, principalmente, devem realizar consultas e exames médicos preventivos para proteger a própria saúde.
As lesões precursoras do câncer de colo de útero podem ser descobertas durante exames de rotina e tem alta probabilidade de cura quando detectadas e tratadas em estágio inicial. Dessa forma, a prevenção é a melhor forma de combater a doença.
Principais fatores de risco para o câncer de colo de útero
Os principais fatores de risco para o câncer de colo de útero incuem:
- Início precoce da atividade sexual.
- Múltiplos parceiros sexuais.
- Não usar preservativos na relação sexual.
- Ter histórico de verrugas genitais.
- Tabagismo.
- Pacientes com doenças imunossupressoras.
- Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais sem orientação médica adequada.
Como prevenir a infecção pelo HPV e o câncer de colo de útero?
A melhor forma de prevenir a infecção por HPV é a vacinação. A vacina contra o HPV está disponível gratuitamente para meninas e meninos de 9 a 14 anos, porém, mulheres de outras idades também podem tomar a vacina, caso haja recomendação médica.
Além disso, a vacina é segura e protege contra os dois tipos de HPV que causam a maioria dos casos de câncer de colo de útero, o HPV-16 e o HPV-18, apesar de existirem mais de 150 subtipos do HPV.
Além da imunização, outras medidas que previnem a infecção pelo HPV e o câncer de colo de útero incluem:
1. Usar preservativos em todas as relações sexuais: o preservativo ajuda a reduzir o risco de transmissão do HPV, mas não o elimina completamente.
2. Ter um número reduzido de parceiros sexuais: quanto mais parceiros sexuais você tiver, maior o risco de ser contaminada pelo HPV.
3. Não fumar: o tabagismo aumenta o risco de infecção por HPV e de desenvolvimento de câncer relacionado ao HPV, como o de colo de útero.
4. Realizar exames preventivos regularmente: o exame Papanicolau é um teste que pode ajudar a detectar alterações no colo do útero e indicar o câncer. O exame deve ser feito a partir dos 25 anos de idade, ou antes, se a mulher já tiver vida sexual ativa.
Como é feito o tratamento do câncer de colo de útero?
Vale destacar que a prevenção sempre é a melhor estratégia. A avaliação regular e periódica com um ginecologista pode detectar qualquer lesão pré-cancerosa ou um câncer de colo de útero em estágios iniciais.
Os tratamentos médicos para o câncer de colo de útero envolvem alguns métodos, como a coleta do material preventivo, a colposcopia e a conização – procedimento cirúrgico que retira uma parte do colo do útero para biópsia.
Além disso, outros tratamentos incluem a remoção completa do tumor, também conhecida como cirurgia de Wertheim, radioterapia, braquiterapia (tipo de radioterapia interna), quimioterapia ou a combinação dessas estratégias.
O tratamento do câncer do colo do útero pode variar dependendo do estágio, tamanho do tumor e fatores como idade e desejo de ter filhos. É importante reforçar que os métodos de tratamento somente podem ser definidos após avaliação e orientação médica.
Cuide da sua saúde com consultas médicas e exames preventivos de diagnóstico do câncer de colo de útero
As metas globais da OMS para a eliminação do câncer do colo de útero definem que 90% do público-alvo seja vacinado contra o HP; 70% das mulheres sexualmente ativas façam o teste de HPV; e 90% das pacientes sejam tratadas.
Na série histórica de 2016 a 2021, Manaus registrou a cobertura vacinal de 53,63% para meninas de 9 a 14 anos, e de apenas 35,43% para meninos, que até então era de 11 a 14 anos. O levantamento é da Gerência de Imunização da Semsa.
Para ter uma vida com mais bem-estar e com menos risco de desenvolver doenças, lembre-se de que não é recomendável mudanças bruscas de hábitos sem consultar um médico especialista.
Além disso, realize consultas e exames ginecológicos de rotina para identificar fatores de risco e fazer o diagnóstico precoce de qualquer problema no organismo. Isso amplia as chances de cura de forma significativa, além de manter a sua qualidade de vida.
Agende facilmente uma consulta com um ginecologista ao clicar/tocar no botão abaixo:
Caso prefira fazer o agendamento por telefone ou pelo WhatsApp, ou se ficou com alguma dúvida, abaixo estão os contatos à sua disposição:
- Central de Atendimento: (92) 2125-5959
- WhatsApp: (92) 99116-6045 (serviços de exames e hospitalares)
- WhatsApp: (92) 99116-6003 (exclusivo para exames laboratoriais)
- Telefone da Emergência: (92) 2125-5999
Referências:
Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias-para-os-estados/amazonas/2023/marco/amazonas-deve-ter-1800-casos-de-cancer-do-colo-de-utero-ate-2026
OMS: https://www.paho.org/pt/topicos/hpv-e-cancer-do-colo-do-utero
Governo do Amazonas: http://www.fcecon.am.gov.br/cancer/cancer-do-colo-do-utero/