A sepse, uma resposta inflamatória extrema do organismo a uma infecção, representa uma grave ameaça à saúde global. Anualmente, cerca de 11 milhões de pessoas perdem a vida em decorrência dessa condição, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, o cenário é ainda mais alarmante: a sepse causa cerca de 400 mil casos e 240 mil mortes por ano, correspondendo a uma taxa de letalidade de 60%, uma das mais altas do mundo, já que a média mundial gira em torno de 30% a 40%.
Diversos fatores contribuem para a alta taxa de mortalidade por sepse no Brasil. Doenças crônicas como diabetes, problemas cardíacos e alterações pulmonares aumentam significativamente o risco de desenvolver a infecção.
Geralmente, as infecções que provocam essas respostas desreguladas do sistema imunológico são causadas por vírus, bactérias, fungos e outros agentes.
Além disso, a idade avançada, o sistema imunológico enfraquecido e procedimentos cirúrgicos complexos também podem predispor indivíduos à sepse.
A sepse avança rapidamente e cada minuto conta. A chamada “hora de ouro” após o início dos sintomas é crucial para o tratamento eficaz. Um diagnóstico rápido e o tratamento imediato salvam vidas e evitam sequelas como lesões renais, cardíacas e neurológicas.
Essas medidas elevam significativamente as chances de recuperação do paciente, principalmente, ao evitar danos irreversíveis, sequelas e a morte.
Por que a situação no Brasil é tão preocupante?
Existem fatores particulares do Brasil que tornam o cenário em relação à sepse muito preocupante:
- Diagnóstico tardio: a dificuldade em identificar a sepse nas primeiras horas pode levar ao agravamento do quadro clínico e aumentar o risco de morte.
- Resistência antimicrobiana: o uso inadequado de antibióticos favorece o desenvolvimento de bactérias resistentes e da transmissão de doenças, dificultando o tratamento da sepse.
- Comorbidades: pacientes com doenças crônicas, como diabetes e problemas cardíacos, têm maior risco de desenvolver sepse e apresentar piores resultados aos tratamentos emergenciais. O Brasil tem alta incidência dessas enfermidades.
- Desigualdades sociais: o acesso desigual aos serviços de saúde prejudica o diagnóstico preciso e rápido, afetando o tratamento da sepse em populações mais vulneráveis.
A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da sepse são essenciais para reduzir a mortalidade, evitar danos irreversíveis aos pacientes e melhorar a qualidade de vida da população.
O que é Sepse?
Imagine sentir calafrios intensos, febre alta e uma fraqueza que te impede de levantar da cama. Estes podem ser sinais de sepse, uma condição médica grave que ocorre quando a resposta do corpo a uma infecção sai do controle.
Quando o corpo reage de forma exagerada a uma infecção, libera substâncias químicas que causam inflamação intensa e generalizada em todo o organismo.
Essa resposta inflamatória descontrolada pode danificar vasos sanguíneos, formar coágulos e prejudicar o funcionamento de órgãos vitais, como os rins, o fígado, o coração e os pulmões.
Essa infecção, inicialmente localizada em um órgão ou estrutura do organismo, pode se espalhar pelo corpo, gerando uma reação em cadeia que prejudica o funcionamento de múltiplos órgãos e sistemas do corpo.
A gravidade da infecção inicial não determina necessariamente como será o avanço da sepse, pois mesmo uma infecção aparentemente simples pode evoluir para um quadro grave se não for tratada adequadamente.
O Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS), que promove ações para reduzir o impacto da sepse na saúde, classifica atualmente a sepse como uma infecção generalizada e grave, causada pela resposta desregulada do sistema imunológico a agentes infecciosos.
Apesar de ser mais comum em recém-nascidos, idosos e pessoas imunossuprimidas, a sepse pode afetar pessoas de todas as idades.
O que a sepse pode provocar?
A sepse, quando não tratada de forma rápida e adequada, pode levar a complicações graves e, em alguns casos, fatais. A sepse pode afetar diversos órgãos e sistemas do corpo, incluindo:
- Falência múltipla de órgãos: a sepse pode levar à falência de órgãos como os rins, fígado e pulmões, exigindo diálise, transplantes ou outros tratamentos especializados.
- Choque séptico: uma condição grave em que a pressão arterial cai drasticamente e os órgãos não recebem sangue suficiente, podendo levar à morte.
- Coágulos sanguíneos: a sepse pode aumentar o risco de formação de coágulos sanguíneos, que podem bloquear veias e artérias, causando danos a órgãos vitais.
- Infecções secundárias: a sepse enfraquece o sistema imunológico, tornando o organismo mais suscetível a outras infecções e doenças.
- Morte: se não diagnosticada e tratada rapidamente, a sepse pode ser fatal. Como já mencionado, a taxa de letalidade no Brasil chega a 60% para os casos graves.
A sepse tem evolução rápida, progressão extremamente veloz e torna-se potencialmente fatal em poucas horas. Já os sintomas da sepse podem ser inespecíficos e variar de pessoa para pessoa, dificultando o diagnóstico precoce.
Quais são os sintomas da sepse?
Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e podem se desenvolver de forma gradual ou súbita. Os mais comuns incluem:
- Febre alta ou hipotermia: a temperatura corporal pode ficar acima dos 39ºC, ou abaixo dos 36ºC.
- Calafrios: sensação de frio intenso, mesmo em ambientes quentes.
- Alterações na frequência cardíaca e na pressão arterial.
- Distúrbios respiratórios: respiração rápida e superficial.
- Confusão mental ou desorientação: dificuldade em pensar com clareza ou manter a atenção.
- Fadiga extrema: sensação de cansaço intenso e fraqueza.
- Dor de cabeça intensa e persistente.
- Dor ou sensação de desconforto abdominal.
- Diminuição da produção de urina.
- Pele pálida, fria e úmida.
É importante ressaltar novamente que os sintomas da sepse variam. Alguns pacientes podem manifestar poucos sinais, o que exige o diagnóstico correto e o início imediato do tratamento para aumentar as chances de recuperação.
Fique atento a qualquer mudança súbita em seu estado de saúde e busque atendimento médico de Emergência sempre que necessário.
Quais são as causas mais comuns da sepse?
A sepse pode ser desencadeada por diversas infecções, incluindo:
- Infecções pulmonares.
- Infecções do trato urinário.
- Infecções abdominais.
- Infecções da pele.
- Infecções no sangue.
- Infecções em outros órgãos.
É importante ressaltar que a sepse não é contagiosa. Ela ocorre quando uma infecção existente se agrava e desencadeia uma resposta inflamatória desproporcional, generalizada e sistêmica que afeta todo o organismo.
Quais são os principais grupos de risco para a sepse?
Qualquer pessoa pode desenvolver a sepse, mas há fatores de risco que aumentam as chances de um paciente apresentar resposta exagerada e desproporcional às infecções:
- Idade: bebês, crianças pequenas e idosos têm sistemas imunológicos mais vulneráveis.
- Doenças crônicas: diabetes, problemas cardiovasculares, insuficiência renal, enfermidades pulmonares crônicas e câncer enfraquecem o sistema imunológico e aumentam o risco de respostas desreguladas do organismo e infecções generalizadas.
- Pessoas imunossuprimidas: pacientes com HIV/aids, que fazem uso de medicamentos imunossupressores, quimioterapia, radioterapia ou que passaram por transplantes de órgãos têm maior risco de sofrer sepse.
- Realização de procedimentos médicos: cirurgias, cateteres e outras condutas invasivas podem criar pontos de entrada no organismo para bactérias e favorecer o desenvolvimento de infecções generalizadas.
- Hospitalizações prolongadas: pacientes hospitalizados, especialmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), estão mais expostos a bactérias resistentes e possuem mais risco de desenvolver infecções.
É importante ressaltar que mesmo pessoas sem histórico médico de doenças podem sofrer sepse. Dessa forma, o diagnóstico precoce e o tratamento imediato têm papel fundamental para salvar vidas.
Como é feito o diagnóstico da sepse?
O diagnóstico da sepse é baseado em uma combinação de fatores que incluem avaliação clínica dos sintomas, exame físico e resultados de exames laboratoriais e de imagem.
Exames laboratoriais
– Hemograma completo: avalia o número de células sanguíneas, como glóbulos brancos, que podem estar aumentados em casos de infecção, ou queda no número de glóbulos vermelhos.
– Proteína C Reativa (PCR): marcador inflamatório que fica elevado em casos de infecção.
– Lactato: um produto do metabolismo celular que aumenta em casos de choque séptico.
– Cultura de sangue, fluidos corporais e secreções: exame essencial para identificar o microrganismo causador da infecção e orientar o tratamento mais prolongado com antibióticos, dessa forma, evitando o agravamento do quadro clínico do paciente.
Exames de imagem
– Raio-X de tórax: revela sinais de pneumonia ou outras infecções potencialmente graves que podem provocar a sepse.
– Tomografia computadorizada: permite visualizar órgãos internos em detalhes e identificar focos de infecções.
– Ultrassonografia: pode ser utilizada para avaliar órgãos como fígado, baço e rins.
O diagnóstico precoce da sepse é crucial para aumentar as chances de recuperação do paciente. Quanto mais cedo a sepse for identificada e tratada, menor o risco de complicações graves.
Como é feito o tratamento da sepse?
O tratamento da sepse é uma corrida contra o tempo e requer uma abordagem rápida e agressiva. O objetivo principal é controlar a infecção, estabilizar as funções vitais do paciente e prevenir complicações.
O tratamento da sepse, geralmente, envolve as seguintes medidas:
- Administração de antibióticos: a escolha do antibiótico ideal depende do tipo de bactéria causadora da infecção. Os antibióticos devem ser administrados em no máximo 3 horas desde o início dos sintomas. Quanto mais precoce, melhor.
- Reposição de líquidos e hidratação: a sepse causa desidratação, por isso, é fundamental a reposição de líquidos por via intravenosa para manter a pressão arterial e o volume sanguíneo do paciente adequados.
- Suporte de oxigênio: em casos de dificuldade respiratória, o paciente necessita de oxigênio suplementar para garantir a manutenção das funções vitais. A ventilação pode ser por cateter, mecânica e, nos casos mais graves, o paciente precisa ser entubado.
- Remoção do foco infeccioso: em algumas situações, pode ser necessário realizar procedimentos cirúrgicos para remover o foco da infecção, como drenar abscessos ou remover tecidos infectados.
- Medicamentos vasoativos: quando há hipotensão extrema, os medicamentos são necessários para aumentar a pressão arterial e melhorar o fluxo sanguíneo para os órgãos.
- Hemodiálise: em casos de insuficiência renal, o paciente precisa ser submetido ao procedimento para ter o sangue filtrado e as funções vitais mantidas.
O tratamento da sepse é realizado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde o paciente pode ser monitorado de perto e receber os cuidados necessários.
A recuperação da sepse pode ser lenta e desafiadora. Alguns pacientes podem apresentar sequelas a longo prazo, como fadiga crônica, problemas cognitivos e disfunção de órgãos.
Dessa forma, o acompanhamento médico regular é fundamental para a recuperação.
Como prevenir a sepse?
Existem medidas preventivas para diminuir o risco de sepse:
- Controlar doenças crônicas: seguir o tratamento médico adequado para diabetes, doenças cardíacas, problemas pulmonares, além de outras enfermidades.
- Higiene adequada: lavar as mãos com frequência, especialmente antes de comer e após ir ao banheiro, ajuda a prevenir a disseminação de bactérias.
- Vacinação: manter as vacinas em dia protege contra diversas infecções que podem desencadear a sepse.
- Cuidado com feridas: limpar e tratar adequadamente feridas, de acordo com a orientação médica, ajuda a prevenir infecções.
- Buscar atendimento médico sempre que necessário: se você apresentar sintomas de infecção, procure um serviço médico de Emergência para avaliação e tratamento.
A prevenção da sepse é um esforço conjunto que envolve tanto os profissionais de saúde quanto a população em geral. Ao adotar medidas simples, é possível reduzir significativamente o risco de desenvolver essa condição grave de saúde.
A prevenção sempre é a medida mais eficaz
A higiene das mãos é a medida de prevenção mais simples e eficaz contra a disseminação de bactérias e vírus. Ao lavar as mãos com água e sabão ou utilizar álcool em gel de forma adequada, a transmissão de agentes infecciosos pode ser evitada.
Quando lavar as mãos:
- Antes, durante e após preparar alimentos.
- Antes e depois de comer.
- Antes e após usar o banheiro
- Após tossir ou espirrar
- Após cuidar de alguém doente ou ter contato com pacientes.
- Antes e depois de tratar de feridas.
Assim como é fundamental manter o calendário de vacinação atualizado, especialmente para pessoas com maior risco de desenvolver infecções, como idosos, bebês, crianças pequenas e pessoas com doenças crônicas.
No caso das instituições de saúde:
- Todos os profissionais devem higienizar as mãos antes e após cada contato com o paciente.
- Pessoas com infecções devem ser isoladas para evitar a transmissão de microrganismos para outros pacientes.
- Todos os equipamentos médicos devem ser adequadamente esterilizados antes e após o uso.
- Utilização de antissépticos para a limpeza da pele antes de procedimentos invasivos também ajuda a prevenir infecções.
O tratamento rápido e adequado de qualquer infecção é fundamental para prevenir a progressão para a sepse. Ao perceber os primeiros sinais de infecção, como febre, dor, vermelhidão ou inchaço, procure um serviço de Emergência.
A prevenção da sepse é um esforço conjunto que envolve profissionais de saúde, gestores de saúde e a população em geral. Ao adotar hábitos saudáveis e estar atento aos sinais de infecção, é possível reduzir o risco de infecções generalizadas.
No Check Up Hospital, contamos com uma equipe médica e de profissionais de saúde altamente qualificada, que promove atendimento humanizado, preciso e confiável, com foco na segurança do paciente e para prevenir o risco de sepse nos pacientes.
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- WhatsApp: (92) 99116-6003 (exclusivo para exames laboratoriais)
- Telefone da Emergência: (92) 2125-5999
Referências:
Ministério da Saúde: https://encurtador.com.br/YlYnP
Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS): https://ilas.org.br/
Fiocruz: https://portal.fiocruz.br/noticia/sepse-maior-causa-de-morte-nas-utis