Meningite: importância do diagnóstico precoce

Sintomas e importância do diagnóstico precoce da meningite. Check Up Hospital.
A meningite é uma doença grave que pode levar a complicações e até mesmo à morte se não for tratada rapidamente. Por isso, a busca por serviços de emergência ao perceber qualquer sintoma e o diagnóstico precoce são fundamentais para garantir o tratamento eficaz e reduzir os riscos à saúde.
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Você já deve ter ouvido falar sobre a meningite. Porém, é fundamental explicar a importância do diagnóstico precoce e por que essa doença pode causar graves complicações de saúde se não tratada adequadamente. 

As meninges são as membranas que revestem o sistema nervoso central, o que inclui o cérebro e a medula espinhal. Elas protegem essas importantes estruturas do organismo contra choques mecânicos e também regulam a pressão intracraniana.

Além de realizarem a proteção física do tecido nervoso, as meninges armazenam o líquido cefalorraquidiano (LCR), ou líquor, que fornece suporte para o transporte de oxigênio e nutrientes pelo corpo. 

A meningite ocorre quando as meninges ficam inflamadas e, geralmente, é causada por agentes infecciosos, como vírus, bactérias e fungos. 

Por isso, quando não diagnosticada e tratada corretamente, ela pode causar sérios danos aos nervos e ao cérebro, além de sequelas neurológicas, auditivas e motores.

A meningite ainda é considerada um problema mundial de saúde pública porque a doença tem vários subtipos e um alto potencial de transmissão. 

Dessa forma, o diagnóstico precoce, a realização de exames específicos e o tratamento correto reduzem o índice de mortalidade e as possíveis sequelas que a doença pode causar. 

A vacinação de crianças e adolescentes representa a maneira mais eficaz de prevenção, já que os imunizantes evitam os tipos mais graves da doença, fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação e são disponibilizados pelo Ministério da Saúde.

Porém, a taxa de letalidade da meningite ainda é considerada alta e pode chegar a 50% para os tipos mais graves da doença, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde.

Novo estudo apresenta dados preocupantes

Um estudo recente feito pelo Instituto Karolinska, da Suécia, e publicado na revista científica ‘Jama’ revela que aproximadamente um terço das crianças que contraem meningite bacteriana apresentam sequelas neurológicas a longo prazo.

As sequelas incluem problemas cognitivos, auditivos e motores. Apesar de a meningite afetar pessoas de todas as idades, a doença tem maior incidência entre crianças e adolescentes. 

A pesquisa aponta também que quanto mais cedo a criança contrair a doença, maior o risco de ter problemas de saúde ao longo da vida. Isso reforça a importância da vacinação como a principal medida preventiva.

A OMS tem como objetivo eliminar as epidemias de meningite bacteriana, a forma mais letal da doença, até 2030 em todo o mundo, além de reduzir as mortes em 70% e diminuir o número de casos pela metade.

Registros de meningite no Brasil

O Brasil registrou cerca de 9.000 casos de meningite em 2023, número 29% menor do que em 2022. No entanto, o Estado do Pará teve aumento drástico de 76% nos casos da doença. 

No Amazonas, houve queda de 16% no número de casos notificados neste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).

Lembre-se que a vacina contra a meningite faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, sendo indicado em duas doses: aos três e aos cinco meses de idade, além de doses de reforço ao longo da vida.

A meningite pode causar epidemias e surtos temporários, e a ocorrência das meningites bacterianas, a forma mais grave da doença, torna-se mais comum no outono-inverno. Já as virais possuem maior incidência na primavera-verão.

Assistência médica para casos de meningite. Check Up Hospital.

Medidas preventivas

As medidas preventivas, como a vacinação, reduziram o coeficiente de incidência da meningite no Brasil de 8,2 casos em cada 100 mil habitantes, para 2,7, entre 2017 e 2022, de acordo com o Ministério da Saúde.

Para ser considerada surto, uma doença tem que estar com uma taxa de dez ou mais casos para cada 100 mil habitantes. Porém, isso pode ocorrer em regiões específicas do Brasil, cidades ou Estados, temporariamente.

A taxa de aplicação da vacina meningocócica C, a mais comum, caiu nos últimos 5 anos no Brasil em crianças de até 1 ano: de 87,4% para 47%, diz o Ministério da Saúde.

No Amazonas, para o mesmo tipo de imunizante, a média da cobertura vacinal foi de 67,27% entre 2017 e 2021, segundo dados do Programa Nacional de Imunização (PNI). A meta é atingir ao menos 90%.

Nos últimos 20 anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram reportados quase 1 milhão de casos com suspeita de meningite e 100 mil pessoas morreram em todo o mundo.

Quais são as causas da meningite?

A meningite ocorre quando uma bactéria, fungo, parasita ou vírus consegue vencer as defesas do organismo e atacar as meninges, que são as três membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central.

Apesar de a meningite ter como maior causa a ação de microrganismos, a doença também pode ter origem em processos inflamatórios como o câncer (metástases para meninges), lúpus, traumatismo craniano, cirurgias cerebrais e efeitos colaterais de medicamentos.

As meningites virais tendem a ser mais leves e afetam mais as crianças, porém, possuem grande potencial de causar surtos. Já as meningites bacterianas são muito graves e devem ser tratadas imediatamente, para evitar sequelas ou morte. 

As crianças menores de 5 anos, principalmente no 1º ano de vida, os idosos, os imunossuprimidos e as pessoas com doenças crônicas têm maior risco de sofrer complicações ou morte por meningite.

Apesar das crianças menores de 5 anos representarem 50% dos casos de meningite no Brasil, pessoas de qualquer idade podem desenvolver a doença, afirma a Sociedade Brasileira de Pediatria. A adolescência também representa uma fase de risco.

Sintomas

Meningites virais, por fungos ou parasitas: o quadro costuma ser mais leve. Os sintomas se assemelham aos de gripes e resfriados, como febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, fotofobia, falta de disposição e de apetite, e irritação. 

Meningites bacterianas: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito, mal-estar, vômitos, confusão mental, e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. 

Esse último é um sinal de que a infecção está evoluindo rapidamente pelo sangue e o risco de morte aumenta. Pode haver convulsão e perda de consciência.

Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal e ter seus reflexos alterados. 

A meningite causa um quadro clínico grave em muitos casos, por isso, se perceber que você ou alguém da sua família pode estar com sintomas da doença, procure atendimento médico de emergência imediatamente.

Portanto, os principais sintomas incluem:

  1. Dor de cabeça forte e persistente.
  2. Febre: a meningite causa febre alta, podendo chegar a 40°C.
  3. Rigidez no pescoço e na nuca: dificuldade em flexionar o pescoço para frente.
  4. Náuseas e vômitos.
  5. Confusão mental: dificuldade de concentração, desorientação e irritabilidade.
  6. Sonolência excessiva: cansaço extremo e fadiga.
  7. Fotofobia: sensibilidade excessiva à luz, causando dor e desconforto nos olhos.
  8. Manchas roxas na pele: principalmente no tronco, nos braços e nas pernas.
Sintomas de meningite. Check Up Hospital

Como ocorre a transmissão da meningite?

A transmissão da meningite ocorre principalmente por via aérea, a partir de secreções do nariz e da garganta, como saliva, tosse, espirros, apertos de mão, contato próximo entre as pessoas e objetos compartilhados. 

Existem pessoas que são portadoras de bactérias e vírus que causam a meningite, mas elas próprias acabam não sendo acometidas pela doença, são assintomáticas. 

Os agentes infecciosos conseguem invadir a corrente sanguínea e causar a inflamação da meninge. Algumas bactérias que causam meningite podem se espalhar por meio dos alimentos, assim como as infecções que têm vírus ou parasitas como vetores. 

Há casos também em que a doença é transmitida através da picada de mosquitos contaminados, porém essas situações são mais raras.

A meningite fúngica não é transmitida entre indivíduos. Geralmente, os fungos são adquiridos por meio da inalação dos esporos (pequenos pedaços de fungos), a partir de solos ou ambientes contaminados.

Principais fatores de risco

Os principais fatores de risco são:

  • Predisposição genética. 
  • Estado clínico e imunológico debilitado do paciente.
  • Condições ambientais e climáticas favoráveis à transmissão.
  • Carga maior de bactérias ou vírus causadores da doença.
  • Tabagismo e alcoolismo.
  • Estilo de vida inadequado.
  • Não praticar regularmente as medidas de higiene, como lavar as mãos.
Fatores de risco para meningite. Check Up Hospital.

Importância do diagnóstico precoce da meningite

A partir da análise dos sintomas, o médico solicita amostras de sangue e do líquido cefalorraquidiano (LCR), o líquor. Ele protege todo o tecido nervoso e transporta nutrientes e outras substâncias importantes para o corpo.

O aspecto do líquor pode funcionar como um indicativo. A aparência normal é de um líquido límpido e incolor. Já quando existe um processo infeccioso, o líquor fica turvo e com a intensidade alterada.

O laboratório testa as amostras para detectar se realmente há uma infecção e qual o agente causador (vírus, bactérias ou fungos). A identificação do agente é importante para o médico saber exatamente como será a forma mais efetiva de tratar a infecção.

Portanto, os principais exames para diagnóstico incluem:

  1. Punção lombar: esse exame é crucial para o diagnóstico da meningite bacteriana. Uma pequena quantidade de líquido cefalorraquidiano (LCR) é coletada da coluna vertebral para análise em laboratório.
  2. Exames do LCR: o LCR coletado na punção lombar é submetido a diversos exames, como análise celular, dosagem de proteínas e glicose, pesquisa de bactérias e testes de suscetibilidade antimicrobiana.
  3. Exames de sangue devem ser realizados para auxiliar no diagnóstico, como hemograma completo, análises de função hepática e renal, e dosagem de proteínas inflamatórias.

Dessa forma, os exames laboratoriais de diagnóstico têm papel fundamental para indicar qual é o melhor tipo de tratamento para cada paciente.

Os tipos mais graves de meningite

  • Meningocócica (bactéria): provoca um tipo de meningite com evolução rápida, tem alta taxa de letalidade e pode levar o paciente à morte em 24 horas. Pode causar cegueira, surdez, problemas neurológicos ou amputação de algum membro. É o tipo mais comum no Brasil.
  • Haemophillus Influenzae b (bactéria): o agente infeccioso entra pela corrente sanguínea e causa a meningite, além de outras complicações graves. Com o avanço da vacinação, a incidência de casos deste tipo diminuiu.
  • Pneumococo (bactéria): atinge o sistema respiratório e provoca reações parecidas com a do tipo meningocócica. Sua letalidade é de cerca de 30% e acomete principalmente idosos e crianças menores de 5 anos.
  • Tuberculosa (bactéria): a bactéria causadora da tuberculose também pode provocar meningite. O quadro evolui de maneira mais lenta, mas ainda é letal. Atinge crianças pequenas, adolescentes e adultos, além de pacientes com problemas no sistema imunológico.
Importância do diagnóstico precoce da meningite. Check Up Hospital.

Quais são as formas de tratamento?

Assim como para as outras enfermidades causadas por vírus, não existe tratamento específico para as meningites virais. Os medicamentos que controlam a febre e a dor podem ser recomendados para aliviar os sintomas.

Meningites bacterianas podem ser tratadas com antibióticos aplicados diretamente na veia do paciente. O tratamento deve começar o mais rápido possível para evitar complicações e sequelas. Pacientes com suspeita desse tipo de meningite são internados imediatamente.

Meningites causadas por fungos ou pelo bacilo da tuberculose exigem tratamento prolongado à base de antibióticos por via oral ou endovenosa.

As meningites com potencial epidêmico, como a meningocócica e a causada pela Haemophilus influenzae b, exigem que o paciente fique isolado e realize o tratamento com antibióticos específicos.

O atraso no diagnóstico e no tratamento pode causar problemas de saúde irreversíveis, como:

  1. Danos permanentes em diversos órgãos.
  2. Perda da audição.
  3. Lesões no cérebro.
  4. Sequelas cognitivas, como dificuldade de aprendizagem.
  5. Amputação de membros do corpo.

O tratamento da meningite pode exigir a atuação de uma equipe multidisciplinar de médicos especialistas e profissionais de saúde, como neurologista, infectologista, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos.

Durante o tratamento, o paciente pode ser internado em um hospital para receber acompanhamento médico rigoroso, suporte nutricional e hidratação intravenosa, além de medidas para controlar os sintomas e prevenir complicações.

A meningite bacteriana é uma doença grave que exige atendimento médico imediato e especializado. O diagnóstico precoce e o tratamento com antibióticos adequados são essenciais para evitar sequelas neurológicas sérias e até mesmo a morte.

Como prevenir a meningite

A rede pública de saúde oferece gratuitamente vacinas contra as formas mais graves de meningite. A imunização é considerada a melhor forma de prevenir a doença:

  • Meningite tipo C (a proteção está contida na vacina Meningo C): para crianças (1ª dose aos 3 meses; 2ª dose aos 5 meses; reforço entre 12 meses e 4 anos 11 meses e 29 dias). Os adolescentes entre 12 e 13 anos devem tomar uma dose de reforço.
  • Meningite por pneumococo (a proteção está na vacina Pneumo 10): para crianças (1ª dose aos 2 meses; 2ª dose aos 4 meses; e reforço entre 12 meses e 4 anos 11 meses e 29 dias). 
  • Meningite por Haemophilus influenzae b (a proteção está contida na vacina Pentavalente): para crianças (1ª dose aos 2 meses; 2ª dose aos 4 meses; e 3ª dose aos 6 meses).
  • Meningite tuberculosa (a vacina BCG protege contra a meningite tuberculosa): para crianças ao nascer.

Idosos e adultos imunossuprimidos podem receber doses de reforço, caso haja recomendação médica. Existem outras medidas de prevenção que evitam a transmissão da doença:

  • Deixar os ambientes ventilados e com acesso à luz solar quando possível, como em salas de aula, escritórios e no transporte coletivo.
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal.
  • Reforçar os hábitos de higiene, lavando as mãos com frequência, especialmente, antes das refeições. 
  • Higienizar brinquedos e outros objetos compartilhados entre crianças.

Exames laboratoriais e vacinas

A meningite requer tratamento urgente e pode ser transmitida para outras pessoas. Se você apresentar algum dos sintomas, procure atendimento médico de emergência. O Check Up Hospital disponibiliza atendimento 24h no setor de Emergência Adulto.

Os exames laboratoriais, como o hemograma e a análise do líquido coletado na punção lombar, também têm papel fundamental no diagnóstico precoce da doença.

Ajude a prevenir a transmissão da doença. Fique atento ao calendário de vacinação, lave as mãos frequentemente, mantenha os ambientes ventilados e adote um estilo de vida saudável.

Prevenção e diagnóstico precoce da meningite. Check Up Hospital.

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  • Telefone da Emergência: (92) 2125-5999

Referências:

Confederation of Meningitis Organisations (CoMO)

Meningitis Research Foundation

Ministério da Saúde

Médicos Sem Fronteiras

Sociedade Brasileira de Pediatria https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/publicacoes/Folheto_Meningite_Fasciculo1_111115.pdf

Fiocruz: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/meningite-a-c-sintomas-transmissao-prevencao

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